Opinião: O clima e os riscos

Luiz Carlos Corrêa Carvalho

Presidente Abag

Será fundamental a expansão da produção e o uso integral das biomassas

Entre eleições, fragmentação geopolítica, questionamentos técnicos, financeiros, o mundo olha para os extremos da divisão política nos EUA e mesmo no Brasil, preparando-se para o grande debate da luta global contra as mudanças climáticas. Trata-se de uma verdadeira “competição contra o tempo”, segundo Fatih Birol, diretor geral da Agência Internacional de Energia.

O Acordo de Paris (COP 21) está dependente de algumas frentes essenciais para o combate às mudanças climáticas que são a redução da emissão dos gases do efeito estufa (GEEs), por meio da substituição de produtos fósseis por outros de origem renovável.

Para isso, será fundamental tanto a expansão da produção e uso integral das biomassas em todo o mundo como políticas voltadas a assegurar a circularidade dos processos positivos ao meio ambiente, com o uso de alternativas renováveis outras, e a adoção de tecnologias agroindustriais que recuperem a degradação do uso dos solos e o processo de desertificação.

A abordagem desses temas para a COP 30 requer, no caso do agro, nunca subestimar o papel da agricultura para a existência humana e na redução das emissões de GEEs na produção de alimentos e na produção e uso de bioenergia.

A pior coisa que se pode fazer, para a reunião que vai ocorrer no Brasil (Belém) na COP 30, é negligenciar esse tema! Hoje, são 8 bilhões de pessoas a alimentar no mundo, indo para 10 bilhões em meados do séc. XXI. A agropecuária e os seus produtos agroindustriais serão críticos, essenciais para os objetivos do Acordo de Paris.

Integrar lavouras, melhorando a biodinâmica dos solos, com efetivos novos empregos diretos e indiretos para a solução do clima, são cruciais para os trópicos, armazenando carbono nos solos, via redução da temperatura mediante fotossíntese, como se fosse um processo de ar-condicionado natural. Isso é parte do que está por detrás da produção da biomassa, seja recuperando, seja reflorestando, seja produzindo em larga escala alimentos, biocombustíveis e bioeletricidade.

As últimas duas reuniões de clima (COP 28 e COP 29) mostraram os lobbies contra mudanças, as posições preconceituosas e urbanas sobre o Agro, a corrigir, e um ponto comum fundamental de financiamento (transparente, rastreável e auditável) dos processos de contenção do aumento da temperatura global do planeta além dos 1,5 °C a mais após 2005.

A COP 30 será capital! Urge, assim, integração dos atores para a agregação das ações em prol de medidas efetivas. A falta de harmonização das políticas e das métricas requer sensibilidade, liderança e cooperação.

O agro será, no Brasil, parte substancial da solução.

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