Dia Internacional do Milho: grão se torna protagonista do agronegócio brasileiro
Ele está no cuscuz, na canjica das festas juninas, na pipoca do cinema e na broa quentinha que acompanha o café da tarde. Mas o milho vai muito além da cozinha: ele também está no etanol que abastece milhões de carros todos os dias. Neste 24 de abril, celebramos o Dia Internacional do Milho, uma data que destaca a relevância de um dos alimentos mais antigos e importantes da história da humanidade — e um dos grandes protagonistas do agronegócio brasileiro.
Desempenho fundamental na economia
O Brasil é hoje o terceiro maior produtor de milho do mundo, com uma produção estimada em 122,7 milhões de toneladas na safra 2024/2025, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China, o país também ocupa o topo do ranking de exportações: foram 34 milhões de toneladas exportadas na última safra, para mais de 140 países.
Além de ser essencial para a segurança alimentar global, o milho é um dos pilares da produção de ração animal, da indústria alimentícia e da matriz energética brasileira, sendo matéria-prima para a produção de biocombustíveis como o etanol. Versátil, nutritivo e estratégico, o milho carrega em seus grãos muito mais do que alimento: ele reúne saberes, tradições e inovação.
O diretor Executivo da Abramilho, Glauber Silveira, aponta que o milho passou a ser uma peça importante para o crescimento econômico do país.
“O Brasil, que até alguns anos atrás era um país importador de milho, hoje ocupa lugar de destaque entre os maiores exportadores globais. Com uma produção que ultrapassa os 120 milhões de toneladas por ano e um consumo interno em torno de 85 milhões, o país tem um excedente considerável que abastece mercados internacionais. Isso impacta diretamente a economia, gerando receita, empregos e fortalecendo a balança comercial”
Na avaliação do presidente da Aliança Internacional do Milho (MAIZALL), Bernhard Kiep, o milho é uma das culturas mais democráticas e a cultura mais espalhada no país. “Praticamente todos os municípios brasileiros cultivam milho, seja para o consumo local ou em larga escala, atendendo desde pequenos produtores até médios e grandes agricultores. Por ser a base da alimentação de animais como frangos, gado, suínos e é essencial para a produção de leite, o milho ocupa um papel central na cadeia alimentar do país. Além disso, o Brasil ainda tem um enorme potencial de expansão nessa cultura, o que reforça sua relevância estratégica para o agronegócio e para a segurança alimentar nacional.”
Para pequenos e médios produtores, o milho é muito mais que uma cultura agrícola — é uma importante fonte de renda e estabilidade econômica. Sua versatilidade e alta demanda garantem retorno ao longo do ano, fortalecendo a agricultura familiar e movimentando as economias locais em diversas regiões do país.
Enori Barbieri, vice-presidente da Abramilho, destaca que o Brasil vive um momento estratégico no mercado global de grãos. Segundo ele, o país conta com um cenário promissor tanto no consumo interno quanto nas exportações. “Com a demanda internacional em alta e os preços das commodities em patamares atrativos — especialmente o milho —, os produtores brasileiros têm a chance de se firmar como líderes globais, ampliando sua competitividade e protagonismo no agronegócio mundial”, afirma.
Do campo ao posto de combustíveis
O milho também é protagonista quando se fala em agricultura sustentável. A produção de etanol de milho, em expansão no Brasil, é uma alternativa limpa e renovável aos combustíveis fósseis e pode guiar a transição energética nas próximas décadas. A evolução da produção de etanol de milho tem tido um ritmo bastante acelerado. Na safra 2023/24, as indústrias colocaram 33% a mais etanol de milho no mercado.
Daniel Rosa, diretor Técnico da Abramilho, destaca o crescimento acelerado e impressionante do setor de etanol de milho no país. “O setor que apresenta o maior crescimento é o de etanol de milho, em 2013 a produção era de apenas 30 mil litros e em 2024/25 espera-se chegar a 8 bilhões de litros ano com perspectiva para 2033 de 16 bilhões de litros”, aponta Rosa.
Outra vantagem do etanol de milho é o DDG (sigla em inglês para Distillers Dried Grains, ou grãos secos de destilaria), um subproduto gerado durante o processo de produção do etanol. Esses grãos são ricos em proteínas, vitaminas e aminoácidos, tornando-se um excelente ingrediente na alimentação do gado.
Bernhard Kiep explica que a produção de etanol a partir do milho valoriza ainda mais o grão. Segundo ele, o aumento da produção fortalece toda a cadeia do agronegócio. “É um equívoco pensar que o uso do milho para etanol compromete a produção de alimentos. Pelo contrário, o aumento da demanda por etanol fortalece toda a cadeia produtiva, gera mais oportunidades para os produtores e contribui para uma maior estabilidade da produção.”
Sustentabilidade e resiliência
Ao longo dos séculos, o milho passou por diversas transformações — da seleção manual feita pelos povos originários até os avanços mais recentes da biotecnologia. Com o tempo, técnicas de melhoramento genético deram origem a variedades mais produtivas, e hoje, a transgenia representa um novo capítulo nessa evolução, ampliando ainda mais o potencial do grão no campo.
O milho transgênico é resultado de anos de pesquisa científica, onde genes específicos são inseridos na planta para conferir resistência a pragas, doenças e herbicidas. Desde sua introdução no Brasil, no início dos anos 2000, ele revolucionou a produção agrícola, permitindo colheitas mais seguras, estáveis e produtivas. A tecnologia reduz a necessidade de defensivos químicos, contribuindo para práticas mais sustentáveis e para o equilíbrio ambiental.
Para o agronegócio, o milho transgênico é uma ferramenta essencial. Ele reduz custos de produção, melhora o rendimento por hectare e fortalece a posição do Brasil como potência agrícola no cenário internacional.
Hoje, mais de 90% do milho cultivado no país é transgênico, o que mostra o quanto a tecnologia está integrada ao dia a dia do campo, impulsionando o desenvolvimento rural, a segurança alimentar e a competitividade do setor.
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