Mudar é um processo

Luiz Carlos Corrêa Carvalho

Presidente Abag

Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.
Charlie Chaplin

O PÓS-PANDEMIA de 2020 mostra um novo mundo, onde as condições geopolíticas, que, segundo a consultoria McKinsey, ocupavam o assento de trás das preocupações macroeconômicas estratégicas e operacionais, mudaram para o banco da frente. Fato é que as tensões geopolíticas são, agora, vistas pelos líderes empresariais como maior risco ao crescimento econômico global.

Esse intenso processo de mudanças não só apresenta ameaças a serem mitigadas, mas também muitas oportunidades a serem aproveitadas. Na esteira da pressão criada pelo novo governo dos Estados Unidos (EUA) em torno de pesadas tarifas e subsídios às políticas nacionais, há outras questões importantes referentes às exigências ambientais e outros aspectos que estão em nova avaliação.

Quando se fala em oportunidades, há três áreas que se mostram como foco de ação: acelerar o crescimento; otimizar as operações de negócios; e desenvolver capacidades e estratégias voltadas aos pontos anteriores.

Para a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), as preocupações do agronegócio estão na expansão da demanda, que assegura os esforços de investimentos para o aumento da oferta, a pressão do endividamento em face dos juros muito elevados e a preparação para aproveitar as oportunidades caracterizadas pela insegurança alimentar global e pelo pro cesso de transição energética como função da redução das emissões de gases do efeito estufa.

No campo geopolítico, têm surpreendido as ações do presidente Trump com tarifas ameaçadoras aos países até então ditos amigos. Por outro lado, a nova gestão gera políticas internas que são uma verdadeira atração fatal aos investimentos externos seja da Europa ou mesmo da Ásia.

Enquanto, aqui no Brasil, com as novas tarifas elevadas para o aço pelos EUA, gera-se uma tensão sobre o que poderá acontecer em outros setores; há uma sensação de que a estratégia do novo governo norte-americano
é recompor entidades internacionais, mas as reformando de tal forma que não se caracterize aos olhos do Tio Sam um modelo que beneficie a China.

Mesmo que isso retrate um certo otimismo, a verdade é que o Brasil segue com suas vantagens biocompetitivas e deve ir em frente com investimentos que permitam uma potente indústria verde até 2050, em face da posição privilegiada que tem em minerais estratégicos, baterias, veículos elétricos híbridos movidos
a etanol, combustível sustentável de aviação, produção de equipamentos para energia eólica, aço com baixo carbono, fertilizantes verdes, biometano, biogás e outros biocombustíveis.

Se considerarmos países com base industrial já construída, escala de produção, população expressiva e Produto Interno Bruto (PIB) elevado, dois deles – EUA e Rússia – devem seguir com foco em energias fósseis, enquanto Brasil e China devem seguir voltados aos investimentos em energias limpas renováveis. No campo da alimentação, certamente, as carnes deverão ganhar um espaço cada vez maior em nações desenvolvidas e emergentes, e o Brasil ocupará relevante participação nesses mercados.

Segundo o secretário-executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), Simon Stiell, os ventos geopolíticos já não estão a nosso favor em termos da velocidade
das mudanças, principalmente para a transição energética global. Vale ressaltar que a lógica estratégica que comandava o processo de transformação girando em torno das letras ESG (sigla em inglês para sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa) está, agora, pesando de modo efetivo em competitividade.

O agro brasileiro está muito preparado para isso!

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